quarta-feira, 14 de março de 2012

Mais Festa da Uva: Henrique Nemeth x Eider Cruz

Na última rodada do torneio da festa da uva 2012, enfrentei o jovem curitibano Henrique Nemeth - excelente jogador e muito agressivo. Lutei muito nessa partida e no final mesmo me restando poucos segundos no relógio, consegui fazer lances rápidos e eficazes para garantir o empate. O interessante dessa partida é que, depois de alguns lances meus não muito precisos, Nemeth sai com uma boa posição da abertura, obtendo muita atividade na ala do rei. Então ele perde algumas chances de aumentar a vantagem e assim que eu consigo estabilizar a posição, surge minha vez de começar o ataque onde tinha mais espaço: na ala da dama. (Infelizmente o meu ataque não saiu no PGN, pois não devem mais ter entendido nosso letra). A coragem dos dois jogadores acabou sendo premiada por esse bonito final que acabou terminando em empate depois de 2 horas de partida.


Partida na "íntegra":


Nenhum de nós dois saiu satisfeito com o empate e, a princípio, tudo havia terminado ali. Quando já estávamos prontos pra arrumar as peças, o árbitro do evento, AI Calleros se sentou ao nosso lado e disse: "bem, agora vamos para o Armagedon." Eu e Nemeth nos entreolhamos incrédulos: havíamos esquecido desse detalhe. Já é de praxe nos torneios da Festa da Uva não poder haver empate nas duas últimas rodadas. Então Calleros pegou um peão branco e um peão preto para fazer o sorteio e nos explicou novamente as regras do Armagedon: Brancas com 6 min e pretas com 5 - brancas com obrigação de ganhar. Do resultado do sorteio coube a mim escolher com qual peças jogar a partida decisiva - titubeei um pouco nos meus pensamentos e com um pouco de receio, pois já havia suportado uma baita pressão de pretas na partida anterior, escolhi novamente ceder a iniciativa pro meu adversário - escolhi as pretas. Veio 1. e4 de novo e por consequência uma decisão, Siciliana pela segunda vez? resolvi apostar minhas fichas na boa e velha Caro-Kann. Como o esperado, meu adversário escolheu umas das linhas mais agressivas possíveis contra a clássica - o normal h4, o bispo em c4 e o cavalo se desenvolvendo por h3 para causar um pouco de pânico no adversário via f4. Depois de algum tempo me defendendo, consegui trocar algumas peças e aliviar a pressão. Acabamos entrando num final de bispo de cores opostos completamente empatado. Claro, tive que jogar o mais rápido possível para não ficar pendurado pelo tempo - empatei a partida, mas ganhei o ponto.

Ao fundo o rasta de Nemeth e eu - 
mais a frente o multicampeão Paulo Sérgio passando sufuco contra Rafael Fleck.
(Foto de Márcio Winter)

Vale lembrar que o curitibano é um dos raros seres humanos na face da terra que podem se orgulhar de ter vencido Judit Polgar. Ele a enfrentou na simultânea em Caxias. De tanto trabalho que ele tava dando, Judit resolveu sacrificar uma peça para ver no que dava, sem aparentemente nenhum cálculo específico. Ela acabou perdendo a peça de graça e por consequência a partida - o cansaço devia já estar grande.


Conheci muita gente do Brasil inteiro em Caxias. Inclusive pude encontrar pessoalmente um amigo Paraibano que conheci pela internet depois de eu ter publicado meu artigo sobre Bobby Fischer. Joaquim é um apaixonado pelo Campeão Mundial e me trouxe, além de uma camiseta muito bonita do Clube de Xadrez de Esperança PB, duas edições da revista espanhola JAQUE, uma delas especial sobre Fischer, publicada logo após sua morte em 2008 e intitulada "Bobby Fischer Homenaje a una leyenda". 

Como conclusão desse torneio, podemos dizer que, muitas vezes (na maioria delas) as viagens para jogar xadrez vão muito além do que se pode ver - ao se ter contato com pessoas de outros países, outros estados, outras culturas, a mera matéria enxadrística transcende, ampliando nossos horizontes.

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6 comentários:

  1. nem joga nada esta Judith neh?! uashuahsuhasas

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  2. Legal a partida Eider, uma pena mesmo não ter todo o final registrado. Abraços, www.xadrezbatatais.com

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  3. Bela partida sua Eider! Parabéns!
    Como a Judit foi perder???
    Ela poderia ter avançado os peões da ala do rei para atacar o rei do adversário!
    Excelente postagem!
    Qualquer dia tu me ensinas a fazer PGN hehehhheeh!
    Abraço!

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  4. Amigão Eider.
    c4? Eu costumava jogar essa variante contra Siciliana que ele jogou, mas é facilmente refutada. Tem que tomar e cair em cima do peão de d, pois a coluna de C logo tu vais botar pressão...

    Abraços.
    Budde.

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  5. Esse é uma dos momentos críticos da partida mesmo e essa foi uma das idéias que me passaram pela cabeça. Mas o c4 foi jogado pra que as peças do branco não usufruam da casa d4, aumentando a pressão sobre minha posição. Imagina um cavalo posicionado em d4, estaria bem, não? Seria um excelente auxiliar no ataque já armado a f5 e e6.

    Valeu, Budde!

    Abração.

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  6. Sim, sim. É possível, mas com c4, tu para as brancas mas as negras também não ficam bem. Apenas com espaço, é o típico avanço de c5 no peão da dama ou francesa. As pretas tem que abrir um espaço para trabalhar, As brancas não tem nada... pode por no Fritz. Fato! Já o fiz. Abs, Budde.

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