segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Simultânea em São Luiz Gonzaga


Estive no dia 10 de novembro em São Luiz Gonzaga (terra de Jayme Caetano Braun onde meus avós paternos moraram e se conheceram em uma lejana década de 40!) realizando uma simultânea para os jogadores locais. O evento ocorreu durante a feira do livro da cidade e contou com a presença de 15 jogadores, escolares e adultos, que se revezaram nas 6 mesas disponíveis - alguns jogaram duas e até mesmo três vezes e tive a felicidade de vencer todas as partidas. O legal é que no decorrer da simultânea as famílias que estavam na feira do livro aos poucos foram se sentando nas cadeiras em frente do palco para assistir por curiosidade aquele evento de xadrez. 



Fui muito bem recebido pelo jogadores São Luizenses e tive um tratamento de primeira por parte do organizador Rafael Vieira.  Logo antes da simultânea, em uma roda informal no meio do palco, troquei muitas ideias a respeito de xadrez com os participantes. Eles demonstraram muito interesse em aprender mais do jogo e fizeram diversas perguntas que animaram a conversa, tornando esse encontro algo muito produtivo para todos ali presentes.

Além disso, no mesmo dia, mas na parte da manhã, foi realizado um torneio escolar que movimentou a garotada da cidade e arredores. Iniciativas como essas estão cada vez mais frequentes na região missioneira do Rio Grande do Sul. São Borja que fica a 107 km de São Luiz, também é outra cidade que tem jogadores se organizando para erguer o xadrez. O blogueiro e bom jogador Guilherme Moraes, o Guiga, vem já há algum tempo desenvolvendo iniciativas e projetos voltados ao xadrez escolar.

Só tenho a agradecer ao Rafael pelo convite e dizer que estou pronto para uma próxima camperiada dessas.

São Luiz Gonzaga, novembro 2012

"Eu me tapo de fumaça
E olho o tempo veterano
Entra ano e passa ano
Ele fica e a gente passa"
                            Jaime Caetano Braun





domingo, 2 de dezembro de 2012

V Aberto DC Shopping - Campeão!

Não poderia deixar passar em branco esse torneio aqui no blog. Afinal de contas eu venho postando sobre esse clássico torneio porto-alegrense desde sua primeira edição em novembro de 2010 (como o tempo passa!). E esse torneio, como se pode supor, foi para mim o mais especial - depois de nas quatro primeiras edições eu ter pontuado 5,5 dos 7 possíveis,  nessa eu fiz 6 pontos e saí campeão pela primeira vez. 

O torneio ocorreu sábado passado, dia 24 de novembro. Nessa edição participaram 60 jogadores vindos das cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão e Bagé (terra de meu avô materno!). Ou seja, a região metropolitana compareceu em peso e a região interiorana foi muito bem representada pelos guerreiro pampeanos de Bagé. 

Em segundo lugar no torneio ficou Felipe Menna Barreto e em terceiro ficou Rodolfo Perondi, jogador que vem, embora com certa irregularidade, surpreendendo bastante nos últimos torneios. Depois de Barreto e Perondi vêm em quarto Antônio Rogério Crespo e em quinto Vinícius Budde (o primeiro amigo que anos atrás parou comigo diante de um tabuleiro e me ensinou com muita boa vontade alguma coisa de xadrez). 

Eduardo Munoa x Eider Cruz - novembro 2012

Minhas partidas mais importantes foram contra o Eduardo Munoa e o Felipe Menna Barreto. Enfrentei o Munoa na primeira rodada. Fato raro, mas que aconteceu por eu ainda não ter meu rating FIDE de xadrez rápido. No entanto, acho que poderia ter sido usado meu FIDE pensado ou mesmo meu FIDE blitz como segunda opção - dessa forma eu não ficaria tão embaixo na tabela de entrada do torneio, evitando assim um encontro decisivo desses já na primeira rodada. Não sei se essa minha ideia é possível, mas com certeza é algo a ser pensado. (Assunto melhor abordado nos comentários.)

Abaixo minha partida contra o Munoa. No último lance da partida ele entregou cavalo ao jogar 40.Cg7, mas, mesmo não tendo cometido esse erro, a situação dele já era crítica.


Contra o Felipe joguei na penúltima rodada. Como na partida contra o Munoa, gostei muito de como minhas peças jogaram ativamente inibindo os planos do meu adversário.


No mais, só tenho a agradecer a todos que torcem por mim e que estão do meu lado sempre: na vitória e na derrota. Estou muito feliz por, depois de tanto tempo me dedicando e tentando, ter sido campeão desse torneio, vencendo dois campeões gaúchos muito fortes. Por fim, parabéns aos organizadores pela competência de realizar a cada edição um torneio melhor.  

Foto com todos os premiados:

Porto Alegre, novembro de 2012

Mais informações e fotos:

It's a long way...




quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Entrevista com Arthur Ruiz Patroclo - Campeão brasileiro de xadrez rápido

Nome completo: Arthur Ruiz Patroclo
Cidade Natal: Porto Velho - RO
Idade: 21 anos
Rating FIDE: 2132 (novembro 2012)

Logo após o título houve confusão a respeito de teu Estado e cidade natal. Onde tu nasceu?
Eu nasci em Porto Velho RO dia 19 de outubro de 1991, mas a partir 2002 vivi em Aracaju SE.

Onde tu reside atualmente e por quê?
Eu moro em Pelotas.Vim para cá pelo ENEM. 
Que faculdade tu está fazendo? Qual universidade?
Faço Artes Visuais (Bacharelado) na Ufpel.
Que relação tu faz do xadrez com o teu curso? 
O meu curso tem muita relação com o xadrez. Afinal xadrez é uma arte rsrsrs. Meu pai sempre comentou comigo sobre Marcel Duchamp, o artista que abandonou tudo para dedicar-se ao xadrez e revolucionou a arte do século XX.Duchamp dizia: "Percebo que poucos artistas são enxadristas mas todo enxadrista é um artista." Lá na faculdade como no xadrez o que diferencia um do outro é o tipo de insanidade.
 Comotu aprendeu a jogar xadrez? 
Aprendi com meu pai, mas não era bom no jogo e tinha dificuldade de concentração. 
Teve algum bom professor ou tu é autodidata? 
Cheguei a ter 2 aulas com um rapaz em Porto Velho que não me lembro  o porque, mas ele era campeão de lá na época e me falou sobre a importância do centro.
Tive aulas com a Professora Clara em Aracaju. O que me impulsionou no aprendizado foi o PerssonalChesstrainer do Gilberto Milos. Tinha uma versão em casa, depois de começar a estudar por esse método (muito bom para mim naquela época que como disse tinha dificuldade de raciocínio e só contava com disciplina e força de vontade, repetir a posição várias vezes me ajudava a entender melhor). Depois de usar por alguns meses esse programa chamei a atenção de Chico Pitanga, uma pessoa fantástica que adora o xadrez, além de sempre me motivar, me contava muitas histórias sobre enxadristas famosos e me convidava para jogar com os mais velhos nos bares. Chico me apresentou a Goes, um senhor muito alegre que perdeu várias tardes comigo praticando “lance do mestre” e me ensinou a amar a Dragão.
 Quem foi teu maior incentivador?
Minha mãe sem dúvida. Sempre gostei de participar de competições, mas quando novo quase nunca ganhava. Estudei 5 anos de tênis de mesa,mas nunca fui bom. Quando comecei a estudar xadrez e participar de torneios aos 13 anos, sempre nos primeiros torneios perdia e voltava revoltado, minha mãe sempre me disse que deveria aprender a controlar a minha raiva e aprender a aceitar as frustrações (sempre tive problemas de gastrite). Ela me levou a muitos torneios e sempre paciente no retorno me ouvia, consolava e me dizia para estudar mais, confiando só nas minhas experiências.
Como tu costuma treinar? 
Eu hoje em dia não tenho uma rotina de estudo, faço exercícios táticos e estudo finais (um gosto que não sei de onde veio). Geralmente jogo partidas rápidas na internet e só estudo de maneira séria quando vou mal em um torneio, ou perco de maneira desastrosa. Faço às vezes também exercícios do midllegame da convekta.
 De que forma te preparou pra jogar o brasileiro? 
Na semana anterior do Brasileiro estudei 40 horas totais,totalmente focado em melhorar a concentração e seriedade com que encararia as partidas e estratégia. Além de muito exercício tático. Até cometi uma grave erro no estudo daquela semana que não tinha jogado, só estudado e praticado, a prática real faltou e todos os enxadristas sabem o mal que é estudar sem jogar. Reli  rapidamente. "Meu Sistema”, "Xadrez Vitorioso Estratégia”, estava muito revoltado com o xadrez ridículo que apresentei nos Jubs e tive a sorte de que pela greve minha universidade teve o calendário todo mudado e o mês de outubro não teve Aula.
Ao iniciar o torneio, tu tinha como foco o objetivo de se sair campeão?
Não, meu único foco era ficar entre os 5 colocados para ter dinheiro para jogar a Semi-final do Brasileiro região 2. Minha ideia era ir de lá de Forquilinhas para Vitória de ônibus e aproveitar no ônibus preparar o repertório de abertura que ia usar no torneio. Quando chegasse lá mendigaria para o Rodrigo Borges um pedaço do seu quarto, já que ele ganhou hospedagem em Dois Irmãos.
 Quando tu percebeu que o título brasileiro poderia ser teu, como tu te sentiu?
 Meio pressionado, mas tinha como foco os 5 primeiros,quando ia jogar com um dos mestres fazia uma oração interna (o que importa é o tabuleiro, ele não importa, o que importa é como está o tabuleiro). Meu maior medo era não ficar entre os 5. Comecei a pensar o tão frustrado ia ficar se não ficasse entre os 5. Tinha uma motivação oculta, queria impressionar uma certa guria importante para mim em Novo Hamburgo.
 E depois que tu confirmou o título, qual foi a primeira coisa que veio a tua cabeça?
Tenho que ligar para minha mãe, preciso dizer para ela que seu filho ainda pode ser o Super- Homem que dizia que seria quando tinha 5 anos. 
Tu superou jogadores fortíssimos e experientes ao longo do torneio, que característica do teu jogo tu acha que fez tu te sair vitorioso nesse torneio?
 Meu meio jogo nesse torneio estava bem consistente (diferente do Jubs). Conseguia entender bem o que a posição pedia e controlei bem o tempo também. 
Qual foi a partida mais especial do torneio? Por quê?
A minha partida contra o Disconzi. Ambos estávamos com 5 pontos e quem ganhasse seria o novo líder do torneio. Foi uma partida bem caótica usei um ataque índio do rei não ficando muito bem na abertura, sendo que hora um tinha a vantagem na mão, depois passava para outro. A partida teve 3 ofertas de empate durante. 2 dele e 1 minha e nenhum dos 2 parecia querer admitir para o outro o risco de perder.
 Gostaria de dedicar a alguém esse título? 
Gostaria de dedicar esse titulo a todos aqueles que não se importam com o próprio rating, muito menos de seus adversários. A todos aqueles que não temem o risco, que jogam xadrez porque amam e agradecem pela honra que é ter conhecido esse jogo durante a vida. E a todos aqueles que trocariam tudo isso por um sorriso de guria. 
Que trilha sonora tu escolheria para essa conquista?

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Arthur Ruiz Patroclo - respeitem esse jogador, ele é Campeão brasileiro!

O dia 28 de Outubro de 2012 será para sempre uma data muito especial para o Xadrez brasileiro e principalmente para Arthur Ruiz Patroclo. Ao vencer na última rodada o MF Flávio Olivência, o jogador Sergipano de 21 anos de idade sagrou-se o primeiro Campeão Brasileiro de Xadrez Rápido reconhecido pela FIDE. Na sua jornada enfrentou fortíssimos jogadores, entre eles quatro MF`s e um MI, finalizando o torneio com um rating performance de 2362. No presente post a gente vai acompanhar a saga de Patroclo no torneio e no próximo, como muitos devem estar curiosos para saber mais sobre esse jogador que arrematou esse importante título, acompanharemos uma excelente entrevista exclusiva concedida por ele para esse Blog.

Arthur, outubro de 2012.

Na primeira rodada Patroclo de negras enfrentou o enxadrista Derlei Florianovitz, um dos líderes da forte equipe de Chapecó. A seguinte posição crítica foi alcançada:

Derlei Florianovitz x Arthur Patroclo

Nas palavras de Patroclo: "apartir da posição foi jogado 1.... Bxf3 2. Bxf3 Dh4 3. Bxg4.fxg4 4.Cxg7.Rxg7 houve troca de damas e um final relativamente simples de vencer.


na segunda rodada jogou uma das partidas que com certeza foi uma das mais lindas do torneio: jogo ativo, pra cima, destemido, com direito a sacrifício e mate. Apreciem a análise do campeão brasileiro:

Arthur Ruiz Patroclo X MF Charles Gauche 

1.e4 c5 2.Cf3 a6 já tinha visto em torneios anteriores o Gauche jogando essa variante e perdendo de maneira esmagadora.Conhecia a idéia de levar para a Alapin fazendo com que o a6 parece bastante ilógico,tem uma partida do Grischuk vs Darcy Lima que vi a uns 2 anos atrás bem instrutiva dessa variante. 
3.c3 levando para a variante Alapin. 3. ... b4 fiquei surpreso com esse lance,não entendia  mais o que estávamos jogando,só fiz um desenvolvimento lógico mesmo.
4. d4 Bb7 5. Bd3 e6 confesso que não fiquei meditando que formação de peões meu adversário ia atuar.Em casos semelhantes,prefiro simplesmente ver um problema de cada vez,mas achava que a partida viraria uma Ruy Lopez,como o ritmo era de 25 minutos não dediquei nenhum segundo em cálculo na abertura,apenas fiz o café com leite.

6.0-0 cxd4 não entendi pq ele me daria a casa c3 para o Cavalo. Talvez esse lance seja um erro.Talvez uma formação ...d6,Cbd7,Be7 Com algumas prevenções em h7 antes do roque fosse preferível. 
7. cxd4 Cf6 8. Te1 Bb4 não entendia as intenções de abertura das negras. 
9. Cc3 


9. ... d5 momento critico da abertura,demorei alguns instantes para perceber o horrível bispo Branco que as negras tinham criado e a inútil casa que o cavalo buscava ir em e5,cheguei a ver por alguns instantes 10-exd5...mas ao ver o Cavalo indo a d5 a casa f6 para o outro quadrúpede,diagonal do bispo a8 h1 minha tendência a jogar com o peão de d isolado foi sasciada,as negras teriam superado os problemas na abertura meus olhos arderam.Busquei entender mais de perto que vantagem as negras esperariam ter em uma posição serrada.

10. e5 Ce4 é um cavalo bonito ninguém tem dúvida. 11. Bd2 Cxd2 conseguindo o par de bispo,perdendo tempo com trocas,e criando uma posição fechada,para os cavalos,alem de grandes possibilidades de um ataque ao rei para o bando branco.Gauche fez todos os lances com incrível convicção,nesse momento estava com uns 2 minutos de vantagem e não havia marcas de arrependimento.Manter o cavalo com 11-...Bxc3 pode ser melhor,mas a posição se simplifica muito e torna o jogo ainda mais simples para as brancas.Seguiria:12-bxc3.Cxd2.(Caso joguem f5,não precisaria pensar em variantes...a posição solta do rei negro+o buraco em e5,e a possibilidade de abrir o centro me dão boas expectativas)13-Dxd2.h6.e só a 2 planos:se as negras roçarem,as brancas põem tudo que puder na ala do rei e usa o peão de “c” como baba,se não roçarem,chumbo na outra ala com a4.Como são essas as possibilidades,faria h4,lance de espera que ganha espaço e prepara a abertura de uma coluna futura.e dependendo da resposta negra,um desses 2 planos seriam colocados em eficiência.

12. Dxd2 g6 me alegrava muito esse lance. Olhar o adversário criar buracos em seu campo próximo ao rei trás boas expectativas de harmonia de ataque.12-...h6 parece mais natural. 13. Dh6 Bf8 A dama só foi pra la para chamar o bispo mesmo ^ ^ 
14. Df4 Bg7 ambos os bispos estão problemáticos,faço uma serie de lances posicionais sem um objetivo predeterminado,apenas harmonia mesmo.as notas musicais que vi são.g5,f4,superproteção do peão de d... 15. h4 Cc6 16. Tc1 h5 17. g3 Bh6 18. Cg5 De7 19. Rg2 0-0 20. Ce2 Tac8 21. De3 Ca5 
22. b3 Da3 aqui fiz uma cara de desdém, e atuei um pouco parecendo preocupado as negras fizeram progresso na ala da dama.conquistaram a casa a3,meu próximo lance demonstra que a ala da Dama não tinha tanta importância assim... não calculei nada,apenas vi que a torre fora da defesa não iria para f4,após 23-Bxg5.fxg5,24-Dd3) 

23. Txc8 não calculei nada,apenas vi que a torre fora da defesa não iria para f4,após 23-Bxg5.fxg5,24-Dd3.Txc8 o mais cômico desse lance foi ver o gauche em duvida entre capturar de bispo e de torre,de bispo segue:24-Bb1.seguido da tomada da coluna de c,com o pensamento de que em um final o bispo ruim das negras pesaria ao meu favor Gauche tomou de torre com a mão tremendo como se dissese:é a coisa na ala do rei ta feia,espero que ele não veja um sacrifício. 


24.Bxg6! fiz esse lance muito rápido, Gauche fez o seu famoso mudra de mãos sobre a testa,agora ele pensou um pouco mais ainda parecia confiante.

24....fxg5 25. Dd3 um lance de ataque lento que só é possível pela falta de peças negras na ala do Rei,não sabia se teria força para um ataque decisivo,mas vi que pegaria 3 peões e o rei negro ficaria nu,isso já me assegurou proteção caso o lance no fundo fosse furado. O resto da vitória as peças fizeram sozinhas, eu apenas as movi.para onde elas diziam gostar mais. 
25...De7 26. Dxg5+Dg7 27. Dxe5+Rh8 28. Cf4.Bxg4 29. hxg4 Tc6 30. De8+Dg8 31. Dh5+ Dh7 32. De8+ Dg8 33. Th1+Rg7 34. De7+ abandono. O que mais gostei desse final foram as 2 peças fora de jogo das negras,isso me marcou e demonstra que o plano do Gauche não condizia com a realidade da posição.


Na terceira rodada Patroclo, jogando de negras, sofreu sua primeira derrota das duas no torneio ao enfrentar o MF Bolívar Gonzalez. Nas palavras dele mesmo "essa partida foi uma dragão, errei em não previnir uma manobra do cavalo b5, houve algumas complicações, ambos no final tínhamos menos de 50 segundos."


Na 4ª rodada Arthur enfrentou João Carlos Orguim e na 5ª jogando de negras enfrentou Claudionor Pirola. A partida segue abaixo, mas está incompleta. Patroclo novamente nos diz mais ou menos o que aconteceu: "Contra o Pirola, fomos para um final de torre e acabei pegando o peão de "e" (e5) dele. Depois para conseguir contra-jogo Pirola sacrificou o peão de "a", mais o de "g" e criou um peão passado em h. O mate ocorreu com peões de g e f na terceira fileira apoiando o mate com a torre em a1."


Na sexta rodada Arthur venceu o jogador curitibano Justo Reinaldo Chemin e na sétima e importantíssima rodada, Patroclo venceu jogando de brancas um dos melhores jogadores brasileiros:  o MI Rodrigo Disconzi. Arthur resume para nós suas impressões a respeito da abertura da partida:

"Na abertura fiquei com receio de abrir rapidamente o centro com os avanços padrões de d4 tornando o jogo demasiado aberto, mas confesso que fiquei mal por não realizar essa manobra lógica. Disconzi não soube aproveitar a posição depois de Dg4.tornava a pensar apenas em potencializar a coluna f e ganhar espaço na ala do rei.Mas com algumas manobras ruins dele de Cavalo,pude jogar em um dado momento c4(na abertura meu grande medo era sempre o avanço de d5,pensava se ele avançar,as coisas vão ficar dificeis),fechando o centro e diminuindo a partida a um simples tema de Cavalo superior a Bispo."



A partida continuou muito lutada e no desenrolar dos acontecimentos, a seguinte posição com o lance para as negras foi alcançada:

Arthur Ruiz Patroclo x Rodrigo Disconzi

Nas palavras de Patroclo: "No diagrama eu ofereci empate pro Disconzi ,pois na minha cabeça naquele momento Ba5 me deixaria em uma posição bastante restringida e que deveria tomar muito cuidado.Mas manobrando corretamente não a mal nenhum nesse lance. Aqui o Disconzi capturou de Dama o peão de b Dxb2. Segui com xeque em f1+ com a torre e tomada do peão de a branco. Segui com lances preventivos de torre diminuindo as possibilidades do bispo e tentando a infiltração delas na sétima, seguido da captura do bispo de alguma maneira que não me lembro. Disconzi continuou ate o final." 

Na oitava rodada, Arthur sofreu sua segunda derrota no torneio contra o forte jogador MF Haroldo Cunha dos Santos. Mas mesmo assim foi para a última rodada empatado com 6 pontos com outros 3 jogadores: o próprio MF Haroldo Cunha, o MI Rodrigo Disconzi e o MF Flávio Olivência. Disconzi empatou com o MF Frederico Matsuura, Haroldo perdeu para o MF Alfeu Bueno. Portanto a partida decisiva foi entre Patroclo e MF Flávio Olivência. Mais uma vez Arthur jogando de brancas foi para cima, sem medo de ser feliz. Não deu outra, foi coroado depois de uma bela partida como Campeão brasileiro de xadrez rápido. Apreciem a partida do título:



Depois dessa verdadeira epopéia Arthur Patroclo entrou para história. Saiu do anonimato rumo ao olimpo do xadrez brasileiro. Haroldo de Souza, narrador da rádio bandeirantes, sempre que (por exemplo) o Grêmio entra em campo, narra: "Aparece a máquina tricolor em campo, respeitem esse time, ele é campeão mundial!" Sempre que o Arthur estiver diante de um tabuleiro, lembrem-se: "respeitem esse jogador, ele é campeão brasileiro!"

Informações do torneio:
Chess-Results

Mais informações e fotos:
Xadrez Gaúcho


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Finalíssima do II Circuito Oncosinos de Xadrez Clássico

E eis que o circuito chega a sua grande final que será disputada no feriadão de 7 de setembro. Suas 3 etapas foram extremamenente disputadas com o total de 62 participantes. As últimas vagas para a final foram  decididas nas últimas rodadas com direito a algumas reviravoltas. O campeão geral foi o Dr. Flávio André Alves que mostrou um xadrez bastante consistente com poucos erros. Ele começou o circuito com uma derrota para Antônio Ossi, mas, apesar disso, terminou com 11 vitórias, 2 empates e apenas 2 derrotas. Em segundo lugar ficou um dos jogadores mais criativos do RS, Acácio Karoly, também com 11 vitórias, mas com 1 empate e 3 derrotas, ficando a meio ponto do campeão. Nesse duelo de titãs, Dr. Flávio levou a melhor.


Ano passado, tivemos a participação do GM Andrés Rodriguez que fez um torneio para esquecer, sendo derrotado 3 vezes. O primeiro golpe quem acertou foi Rodrigo Borges, o segundo o MI Molina e para finalizar Felipe Menna Barreto. Foi um torneio longe dos padrões de um jogador de sua categoria. 



O MI mineiro Molina (que não deve estar nada contente com a campanha do Atlético-MG no brasileirão) se sagrou campeão da final ao derrotar Eduardo Munoa na última rodada do torneio com um ataque de mate. É raro ver o Munoa ser superado dessa forma na abertura, no meio jogo e no final.


Nesse torneio teve inclusive um prêmio de beleza especial para as 3 melhores partidas. Eu tive a felicidade de ter feito a partida mais bonita de minha vida contra Rodrigo Borges e fiquei com o segundo lugar. A partida gera estranheza desde o primeiro lance, já que joguei 1. e4 depois de muitos anos sem iniciar com o peão do rei. A partir disso, ao enfrentar uma siciliana, escolhi a variante mais agressiva a minha disposição, sacrifiquei  peças e arrematei com mate. Quem tiver interesse CLIQUE AQUI para ver a partida analisada.


Por essas e outras essa final é imperdível. Convido a todos os jogadores que têm rating FIDE a vir passar uns dias em Porto Alegre e aproveitar muito o que a capital dos gaúchos têm a oferecer e ainda por cima jogar um baita torneio de xadrez.

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FINALÍSSIMA DO ONCOSINOS 2012
PREMIAÇÃO TOTAL DE R$ 6.000,00
ABERTA PARA ENXADRISTAS COM RATING FIDE E VÁLIDA PARA CÁLCULO DOS RATINGS CBX E FIDE
CONDIÇÕES ESPECIAIS PARA GMs E MIs

OBJETIVO: Indicar os 2 (dois) jogadores melhor posicionados para a SEMIFINAL DO CAMPEONATO BRASILEIRO 2012, excluindo-se os enxadristas já classificados para esta Semifinal por outros critérios.
PÚBLICO ALVO: Poderão participar todos os enxadristas detentores de rating FIDE e os 20 primeiros colocados sem rating FIDE da fase classificatória. Para tanto deverão estar com suas respectivas anuidades quitadas nas Confederações Nacionais e Federação Internacional em 2012.
LOCAL: Metrópole Xadrez Clube – Rua Vigário José Inácio, 263 3º andar – Bairro Centro – Porto Alegre/RS.
DATAS E PROGRAMAÇÃO: 6 a 9 de setembro de 2012.
QUINTA 06/09 SEXTA 07/09 SÁBADO 08/09 DOMINGO 09/09 18:00 - Recepção e Congresso Técnico 19:00 - 1ª RODADA 13:30 - 2ª RODADA 19:00 - 3ª RODADA 09:00 - 4ª RODADA 15:00 - 5ª RODADA 08:00 - 6ª RODADA 13:30 - 7ª RODADA 18:00 - Premiação e Encerramento
INSCRIÇÕES: Somente antecipadas e LIMITADAS AOS 60 PRIMEIROS que confirmarem suas inscrições através dos respectivos depósitos.
PRAZO LIMITE CATEGORIAS VALORES 31 DE AGOSTO DE 2012 GM, MI e MF ISENTOS
JOGADORES COM RATING FIDE

R$ 90,00
Enviar e-mail para barretofkm@hotmail.com informando: NOME, NASCIMENTO, E-MAIL, TELEFONE E CIDADE.
Todos os emails de inscrição serão respondidos informando o valor EXATO da taxa de inscrição a ser depositada, no intuito de identificarmos perfeitamente seu depósito pelos centavos e garantirmos sua vaga (os valores depositados NÃO serão devolvidos em NENHUMA hipótese). Somente efetue o depósito após receber o seu código.
DADOS PARA DEPÓSITO: Banco Banrisul (041) – Agência: 0062 - Conta Corrente: 060275710-8;
Em nome de: Metrópole Xadrez Clube - CNPJ: 89270938/0001-35.
SISTEMA DA COMPETIÇÃO: Suíço em 7 (sete) rodadas por computador.
CRITÉRIOS DE DESEMPATE: 1º Confronto Direto, 2º Milésimos Medianos, 3º Milésimos Totais, 4º Berger, 5º Número de vitórias e 6º Sorteio;
TEMPO DE REFLEXÃO: Preferencialmente 90` + 30`` por lance para cada jogador ou 120` X 120` nocaute.
MATERIAL: Os participantes devem trazer relógios aprovados pela FIDE em boas condições de uso e caneta azul ou preta.
PREMIAÇÃO R$ 6.000,00: Não cumulativa, o premiado fará jus a de maior valor. ABSOLUTO R$ 5.000,00 ESPECIAL (SUB 2100 FIDE & SEM FIDE) R$ 1.000,00 1º R$ 1.200,00 2º R$ 900,00 3º R$ 600,00 1º R$ 250,00 2º R$ 200,00
4º R$ 500,00
5º R$ 400,00
6º R$ 350,00
3º R$ 150,00
4º R$ 100,00 7º R$ 300,00 8º R$ 250,00 9º R$ 200,00 5º R$ 90,00 6º R$ 80,00
10º R$ 150,00
11º R$ 100,00
12º R$ 50,00
7º R$ 70,00
8º R$ 60,00
HOSPEDAGEM:
 Tarifa acordo no Ornatus Palace Hotel (www.hotelornatus.com.br), quarto individual R$ 90,00 e quarto duplo R$ 110,00 por dia;
 Os quatro primeiros GMs e/ou MIs, com rating FIDE acima de 2400, que confirmarem participação receberão CONDIÇÕES ESPECIAIS;
 Os 20 primeiros inscritos que confirmarem participação receberão ALOJAMENTO, desde que o solicitem na inscrição, ao custo diário de R$ 10,00.
DIREÇÃO: AI Francisco Ricardo Terres Tróis. ARBITRAGEM: AF Émerson Gustavo Müller e AR João Carlos Orguim da Silva.
RESOLUÇÃO DE DÚVIDAS: Todas as dúvidas relacionadas a este regulamento serão resolvidas pelo Diretor da Competição e/ou Árbitro Principal, ou ainda, pelo Comitê de Apelação da competição no caso de questões relacionadas ao desporto.
PARÁGRAFO ÚNICO: Será admitido o pedido de "Bye Ausente" (0,5 ponto ganho) somente na primeira rodada. Todos os participantes do Circuito cedem os direitos de utilização e comercialização audiovisual do local do evento e de suas próprias imagens pessoais para a organização do mesmo.
REALIZAÇÃO: Metrópole Xadrez Clube (www.metropolexadrezclube.com).
APOIO: Brasil Xadrez, Clube de Xadrez On-Line, Confederação Brasileira de Xadrez, GBOEX, Livraria Cervo, Ornatus Palace Hotel e IXC.
PATROCÍNIO:
OncosinoS Clínica de Oncologia – Tratamento Inteligente do Câncer.
Bons resultados são frutos de muito estudo, pesquisa e dedicação. Clínicas em Novo Hamburgo e Porto Alegre. Saiba mais em www.oncosinos.com.br



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Voltando à ativa.

Chega um momento em que o amado xadrez atrapalha, pois demanda bastante tempo de estudo, energia física e mental, além de uma condição financeira estável para poder viajar e jogar os bons torneios. Como bom amador, nesse ano achei por bem (por livre e espontâneo dever) poupar minha força para me dedicar à minha faculdade que está se aproximando do final e cada vez mais puxada e ao meu trabalho de dar aulas de inglês e de xadrez. Além disso tudo, nesse primeiro semestre ajudei a treinar a equipe de Xadrez de Concórdia e pesquisei sobre técnicas de treinamento para aplicar com meus alunos de diversos níveis. Por essas razões, naturalmente o meu próprio desempenho em torneios caiu (vide torneio da AABB e o Aberto de Canoas) e também tive que me afastar do blog durante esse período.


as agora estou de férias e pretendo iniciar em seguida uma série de postagens sobre a revista Mate de Peão da qual o amigo e enxadrista Paulo Isidoro me conseguiu a coleção praticamente completa. Ainda não consegui ler todas elas com cuidado, mas com o pouco que li já fiquei emocionado com tantas preciosidades da nossa história. São organizadores e fortes jogadores que na primeira metade da década de 90 se esforçaram em manter suas histórias vivas e divulgar a arte do xadrez no Rio Grande do Sul. Além do xadrez gaúcho, a revista cobria os eventos a nível nacional e internacional. Quem sabe para o deleite de quem não a conheceu, eu possa até mesmo postar algumas edições em PDF. Veremos.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Match pelo título mundial: morte do xadrez de elite pelos empates?

Todo o enxadrista que se prese sabe que está sendo realizado o match pela coroa do mundial do xadrez entre o Indiano Anand e o Israelense Gelfand. O evento que teve início dia 10 de maio terá seu término no mais tardar dia 31 desse mesmo mês. As partidas estão sendo transmitidas ao vivo no SITE OFICIAL do evento a partir das 8h da manhã. 


Sabemos o quão surpreendente foi a conquista do desafiante no torneio de candidatos ano passado e vale a pena relembrar a vitória que concedeu a ele o direito de desafiar o atual campeão mundial. 


Na minha opinião, para o bem da história do xadrez, Anand não pode perder seu título de campeão mundial. Afinal, qual vai ser o passo a frente que o próximo rei do xadrez vai dar no curso do xadrez moderno? Se Gelfand vence será mais um a figurar nas exceções da tese defendida por Garry Kasparov na sua saga Meus Grande Predecessores, similar à derrota de Alekhine para Euwe em 1935.  Todos estão esperando algo novo, excitante e motivador acontecer e, como muitos, acredito que o atual campeão mundial deveria ser destronado pelos arautos da nova era Magnus Carlsen ou Levon Aronian. Digo isso, não apenas com o apoio do senso comum, mas também embasado na opinião expressada pelo facebook de um dos mais renomados comentaristas de xadrez: o espanhol Leontxo Garcia:

"4ª partida del Mundial Anand-Guélfand. Tablas. Soporífero aburrimiento de purísima calidad. Si el ajedrez de élite no cambia, morirá."

Se o xadrez de elite não mudar, morrerá. A história é uma espiral - anda de forma linear, mas dando voltas. Parece que a velha ladainha de Capablanca volta a tona e com força. Não é de hoje que ouvimos essa reclamação sobre a quantidade de empates na alta-elite do xadrez - às vezes empates ridículos em 12 lances que irritam de sobremaneira os espectadores. No entanto, Capablanca teve como oposição o tão bem vindo Alekhine que explorou e demonstrou de maneira fantástica que o dinamismo do xadrez estava ali para provar que a morte do xadrez por empate estava longe de ser uma verdade.

Agora, depois de 66 anos da morte de Alekhine, as suas idéias com a indispensável ajuda de Tal, Bobby Fischer e Kasparov (dentre outros) já estão há tempos muito bem assimiladas pelos melhores jogadores do mundo e é incrível como partidas puramente dinâmicas, com desbalanço material e ataques em ambas as alas pode terminar em empate e não satisfazer o público - como se esse empate já estive dentro do previsível pela teoria de abertura. Podemos ter um exemplo na terceira partida do match.


Então, chegamos à conclusão que já não é mais suficiente as idéias dinâmicas de Alekhine, Tal e Kasparov para colocar problemas para o adversário e vencer. Não adianta assumir riscos se o adversário souber parar os ímpetos agressivos como muito bem fizeram os dois jogadores na partida acima. É necessário mais. Mas o quê? E quem será que pode dar esse a mais atualmente na elite do xadrez mundial? O nome de Magnus Carlsen aparece facilmente em nossas mentes. Mas que características no jogo dele nos faz tê-lo como nosso preferido? Arrisco-me a dizer que Carlsen vem como a síntese de Fischer e Kasparov (e que síntese poderosa!). A confiança que Carlsen demostra faz parecer que ele entende as nuanças da batalha psicológica que era especialidade de Fischer. Carlsen expreme tudo que é possível das partidas, jogando posições teoricamente empatadas até o último lance, sempre colocando problemas para seu adversário que muitas vezes acaba sucumbindo ante a pressão. Aliando essas características à genialidade e ao estilo de Kasparov, nós temos alguma coisa semelhante a isso:



Gelfand está longe de ser uma presa fácil para Anand como muito pressuporam e como eu já havia imaginado. Afinal, Gelfand está jogando o match que, se vencido, irá coroar décadas de um trabalho duro. Mas mesmo assim, apesar da minha tendência de torcer para os azarões (pois eu mesmo sempre fui um e dos bons) a minha torcida está com Anand porque acredito que historicamente será melhor para o xadrez. No entanto, o match ainda não está no fim e quem sabe que surpresas podem estar nos guardando esses dois titãs do xadrez nas próximas partidas.

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Vou postar nesse espaço todas as partidas no decorrer do match - a terceira já foi citada acima:

Partida 1


Partida 2


Partida 4

terça-feira, 15 de maio de 2012

IV Aberto DC Shopping - 4º Lugar



E lá se foi mais uma belíssima edição do Aberto DC Shopping. Claro que é gritante a falta de torneios pensados no Rio Grande do Sul, mas isso parece estar sendo uma tendência no Brasil inteiro. Torneios rápidos  são mais fáceis de organizar, não demanda demasiada preocupação com logística e, por ser realizado em um só dia, parece inclusive que chama mais atenção dos enxadristas. No entanto, na recente história do xadrez gaúcho, já tivemos casos muito bem sucedidos de torneios pensados, com a presença em massa dos enxadristas. É o caso do Circuito Metropolitano de Xadrez Clássico em 2008 em que, para o entusiasmo de todos, o PGN de todas as partidas era publicado. Esse material todo encontra-se no site Xadrez Gaúcho.

Voltando para o presente, tivemos como campeão do torneio em questão com 6,5 pontos dos 7 possíveis o enxadrista Bi-campeão gaúcho Eduardo Munoa. Mais uma vez ele demonstrou seu fortíssimo jogo e sua sorte de campeão que o faz ser um dos melhores jogadores nascidos em solo gaúcho. Em sua partida contra o jogador de Pelotas Anderson Donay, Munoa escapou de uma derrota que parecia 99% garantida.  Donay superou seu adversário num final de torres de forma brilhante e soube controlar bem o seu tempo. A posição, apesar do peão a mais para Anderson, estava teoricamente empatada, mas Munoa com com apenas 15s, tinha que provar o por que da teoria. Foi então que ele parou o relógio e chamou o árbitro Marcelo Konrath, exigindo o empate - Marcelo mandou o jogo seguir e no lance seguinte Anderson Donay pendurou sua torre e Munoa conseguiu converter a posição em menos de 13s. 

Em compensação em sua partida contra o Felipe Menna Barreto, ele puniu os erros de seu adversário com um ataque de mate ainda no meio jogo. Munoa me mandou a partida com alguns de seus comentários e logo abaixo deles é possível reproduzir a partida.

Eduardo Munoa x Felipe Menna Barreto

font-size: 14px; line-height: 18px;">1. d4 Cf6 2. c4 e6 3. Cc3 d5 4. Cf3 Be7 5. Bf4 O-O 6. e3 Cbd7 (teórico é 6...c5) 7. Dc2 c6 (achei passivo essa combinação de Cbd7 com c6) 8.O-O-O! b6 9. h4! (a chave de minhas idéias) Bb7 10. e4 dxe4 11. Cxe4 Cxe4 12. Dxe4 Cf6 13. Dc2 Dc8 14.Cg5

"Era necessário 14. ... Td8." Munoa

14. ... c5?? (lance perdedor era necessário 14...Td8) 15. d5 exd5 16. cxd5 Dg4? 17. g3! Tfd8 18. f3! (a dama está quase sem casa) Dd7 19. d6 h6 20. Bc4! hxg5 21. hxg5!Bxf3 22. gxf6 Bxh1 23. Txh1 e as pretas abandonam não há como defender o mate  font-size: 14px; line-height: 18px; text-align: -webkit-auto;">1-0


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Em segundo lugar ficou o MF Luiz Ney Menna Barreto com 6 pontos e em terceiro Felipe Menna Barreto com 5,5, seguido por mim também com 5,5. Claro que entre professor e aluno não teve muito luta (Luiz Ney x Munoa), nem muito menos entre pai e filho (Luiz Ney x Felipe), mas pelo menos na partida acima citada tivemos muitos motivos de nos orgulhar da luta realizada.

Eu fiz um torneio perfeito para o pessoal de cima. Com meus dois empates nas primeiras rodadas e outro no meio do torneio não peguei nenhum dos 3 melhores jogadores e com um torneio bastante ameno terminei em 4º lugar com 5,5 pela 4º vez consecutiva nos torneios do DC Shopping.  Uma das minha melhores partidas foi jogada contra o jogador de Campo Bom Iuri Pasini pela última rodada:


Quem surpreendeu a todos foi o jogador de Alvorada Elisandro Pimenta que, ao receber seu prêmio de 5º lugar, deixou bem claro que esse havia sido o melhor torneio de sua vida.  Vejamos a maneira que ele conseguiu articular seu ataque contra Serra Azul numa das mais importantes rodadas do torneio para ele. 



Parabéns aos organizadores e a todos os jogadores que participaram desse torneio. 
Nos vemos em breve novamente.

Porto Alegre, Maio de 2012

Mais informações sobre o torneio e demais fotos:


terça-feira, 1 de maio de 2012

Lista FIDE de 1º de Maio - Top 10 gaúcho e outras coisas mais

1. MF Fabiano Fortes Prates                           2283
2. Ivan Boere de Souza                                    2283
3. MF Flávio Olivência                                      2211
4. Eduardo Munoa da Silva                              2206
5. Rodrigo Borges da Silva                               2205
6. Carlos Rodrigo Born                                     2199
7. Artur Bartmann Arns                                     2190
8. André Henrique Lemos de Freitas                2184
9. Paulo Sérgio de Castro Oliveira                   2182
10. Antônio Rogério Crespo                             2119 

Não sei se a lista acima é a mais justa, pois pelo menos 3 jogadores nela estão parados e há tempos não jogam um torneio FIDE. O importante enxadrista gaúcho MF Fabiano Prates não joga há 3 anos e ninguém sabe responder por onde anda. Já vieram me perguntar, durante os torneios, pelo menos três vezes se eu sabia alguma coisa de seu paradeiro - eu infelizmente não faço a mínima ideia. Só sei que, aparentemente, depois da confusão no campeonato gaúcho de 2008 com Allan Gattass, ele nunca mais voltou a jogar xadrez em torneios gaúchos.

Assim como Fabiano, Artur Arns, conhecido por muitos como Vampiro, também anda sumido. Arns ficou conhecido por ser um jogador muito criativo, com um jogo posicional agressivo por essência e espantava seus adversários com sua frieza. Uma pena que esteja há pelo menos 4 anos afastado. Mas seus amigos ainda torcem pelo seu retorno.  

 Artur a Direita, jogando em Villa Martelli 2008 contra o MF Bolívar Gonzales
Artur venceu essa partida.

O último torneio com a presença dele que joguei foi o Torneio Temático realizado na Casa de Cultura Mário Quintana organizado pelo AN Lucas Ramos. O vídeo abaixo mostra a partida decisiva final entre ele e o Vitor Hugo. O vídeo não está com a qualidade muito boa, mas vale pelo registro histórico.


Além desses dois, há o jogador  que se encontra em 8º. André Freitas tirou seu rating FIDE no ano 2000 e de lá para cá não jogou mais nenhum torneio FIDE. Nunca tinha ouvido falar dele, mas pelo que pesquisei ele é bi-campeão Estadual Absoluto 1995-1996. É uma pena que a história do nosso xadrez se perca assim de forma tão rápida e fácil - não temos nenhuma partida desse jogador disponível para visualização, tornando a noção de tradição completamente nula: um misto de irresponsabilidade e incompetência destruidor. 

Muitos outros jogadores gaúchos poderiam figurar nessa lista, mas por um motivo ou outro estão jogando por outros estados, na ânsia de buscar melhores condições de desenvolver seu xadrez. Allan Gattass (2256) está jogando por São Paulo; Felipe Menna Barreto (2247) e Eu (2133) estamos jogando por SC; Além do MF Luiz Ney Menna Barreto (2310) e o MI Francisco Trois que também estão por SC, assim como Janine Flores e Amanda Fontella. Podemos também citar, abrangendo um pouquinho mais, os Grandes Mestres Mequinho e Vescovi que jogam a muitos anos por São Paulo, mas que também têm raízes gaúchas. Há com certeza outros jogadores que agora me fogem a memória e que poderiam ser citados.

A lista citada continua com:

11. Vitor Hugo de Oliveira             2110
12. Darlan Veit                              2107
13. Luiz Ernesto Serra Azul           2089
14. André Augusto Gazola            2088
15. Lucas Strauss Boff                  2019

Normalmente os jogadores gaúchos para conseguirem a obtenção de seu rating FIDE tem que fazer longas viagens - para Curitiba, São Paulo e até Argentina. Isso porque há grande escassez, apesar dos esforços, de torneio que valham FIDE no Rio Grande do Sul. Eu devo ser, se não o primeiro, pelo menos um dos primeiros jogadores gaúchos que conseguiram a façanha de obter seu rating FIDE sem precisar sair do Estado. Joguei o Regional Sul em Dois Irmãos em 2008 e o Regional em Porto Alegre em 2009.

Por essa razão a fórmula do Circuito Oncosinos do Metrópole Xadrez Clube chama atenção. Classificando os 20 jogadores sem rating (que em sua maioria serão gaúchos) para a final, praticamente sacramente que esses 20 quase em sua totalidade farão pelo menos um bloco para obtenção do rating FIDE, o que configura um grande estímulo para esses jogadores e para todo o Xadrez do Rio Grande do Sul.

sábado, 28 de abril de 2012

Exercício IX

Uma boa vantagem não é um fim em si, mas sim um meio para se chegar ao objetivo final que é vencer a partida. O famoso esperneio existe e é um arte. Normalmente é baseado nos princípios táticos de cada jogador e tem grande potencial de surpresa, pois o jogador com a partida "ganha" acaba relaxando e deixa os cães de guarda da sua posição descansando. 

Eu mesmo já senti dolorosamente diversas vezes as consequências de um descuido na hora em que a posição de meu adversário parecia completamente sem esperanças. Relatei uma dessas vezes no post sobre o I Aberto DC Shopping em minha partida contra Guilherme Genro.

A posição abaixo foi jogada no Torneio de Páscoa do MXC entre Franklin Nunes e Edson Soyaux


As brancas acabaram de tomar o peão de a7 com seu bispo que estava em e3. Como as negras devem continuar? Deixa tua resposta nos comentários.