O torneio da Festa da uva consegue se superar a cada edição. Dessa vez promoveu o mais forte torneio dos últimos tempos no Brasil, com a presença de 290 enxadristas de diversas partes do Brasil e do mundo. Além do mais, pude comprovar que Ivanchuk é de carne osso, e não apenas uma inesgotável fonte de idéias para o xadrez. Ivanchuk mais parececia uma miragem no meio de tanta gente. Quando ele chegou no local dos jogos no início do torneio, todos o olhavam com assombro e espanto, estava ali diante de todos uma lenda viva, alguém que possui o ponto alto da mestria no xadrez, mas depois de um tempo foi até possível esbarrar com esse ser até a pouco intocável no banheiro ou no restaurante, por exemplo.
No final acabou dando a lógica. O Ucraniano venceu o torneio com 8 pontos, apesar de ter tomado um susto com sua derrota contra o Gigante Milos, seguido do invicto Sandro Mareco também com 8. A minha espectativa era de que ele fizesse 9 em 9, ou no máximo cedesse meio ponto a um dos seus fortes adversários. Mas Gilberto Milos, seis vezes campeão brasileiro, surpreendeu a todos, derrotando-o consistentemente e recebendo os aplausos do público ali presente. Até mesmo eu, que estava concentrado na minha partida contra o GM Andrés Rodrigues, mas acompanhando sempre a partida da primeira mesa pelo telão, não resisti e também aplaudi.
Foi uma grande experiência ter visto tantos Grandes Mestres juntos em ação. Pessoas que dedicam sua vida à arte do xadrez e que têm uma extraordinária compreensão das 64 casas do tabuleiro e das nuanças do xadrez competitivo de alto nível. Ninguém estava ali para perder, a derrota era a última opção. A auto-confiança daqueles Grandes Mestres e Mestres Internacionais que disputavam o título era aparente no olhar que lançavam para o tabuleiro. Realmente foi muito produtiva a experiência de ver tantos jogadores consagradamente fortes se enfrentando.
Não posso deixar de falar também do ídolo da minha infância enxadrística, Mequinho. Lembro que logo que comecei a jogar xadrez na sogipa, a professora que me ensinou a mexer as peça, que era sócia-atleta do clube, tirou um livro da biblioteca para mim, que se não me engano se tratava do primeiro campeonato brasileiro conquistado por Mequinho quando tinha apenas 13 anos. Me causou forte impressão suas partidas, principalmente a penúltima partida em que Olicio Gadia oferece empate para Mequinho e o guri na mesma hora sugere que o mestre abandone para logo depois demostrar como venceria a partida. Detalhe que Mequinho precisava só do empate pra ser campeão antecipado. Estava ali quem eu queria ser quando crescesse. Agora que cresci pude ter o prazer novamente de vê-lo jogar ao vivo e tirar uma foto ao lado dele.
Nos próximos dias volto com a análise de algumas partidas minhas, em especial a contra o GM Andrés Rodrigues em que pude jogar bem e entrar num final bonito no qual cometi alguns erros que Andrés estava esperando e, claro, perdi a partida.
Abraço a todos e até a próxima aventura!
Amigo e talentoso Eider, cada vez mais galgando experiências. Com certeza, em breve, te verei campeão gaúcho. Grande abraço
ResponderExcluirLeandro Castro